terça-feira, 15 de novembro de 2011

poesia






PERENE

claudia helena villela de andrade

Perene é a água dos olhos.

Gotículas perpétuas de sal.

Filete de água que enruga a testa,

goteja, evapora e volta.

Em cada gesto a delicadeza do afeto

que embaça o sonho,

que chora, inesperadamente

nas dobras dos punhos,

na pupila da alma que a realidade degola

ofegante de medo.

Preto e branco. Desafinado. Torto.

Eternizado no sonho.

Viajante silencioso que bate a porta atrás de si

sem olhar para trás.

Com cem olhos para frente.

Se fosse cego, perene seria o eco.