sexta-feira, 16 de abril de 2010

Poema/ Vigília



VIGÍLIA

Cláudia Helena Villela de Andrade


 Se eu não dormir?

Ultrapassar sem falha
A impaciência da insônia,
Das horas no vácuo,
Ouvindo o pêndulo do relógio da sala
E a luz da lua que não se mexe
No silêncio de Orion sem cauda,
Fixa, permanente.

Vou plantar sonhos na minha seara.
 Ceifar a noite decantada de madrugada,
Sem descanso, feito um rio de inverno que não seca,
Filete sem vida.
Insistente.

 Se eu não dormir?

O sabiá não cisca o grão na minha mão
Porque a trava do viveiro quebrou
E os pássaros migraram de mim...
Estão aqui e deixaram-me.
Voam sobre pastagens e
Perseguem os cantos de quem nunca morre.
Não adianta ter pássaros em gaiola.


 Se eu não acordar?

Meus olhos vão sangrar
De peso e de pedra.
Minhas mãos, em cruz,
Sem o próprio abraço.
Nem a terra há de querer
O resto sólido da minha alma.
Para sempre insepulta.


quinta-feira, 8 de abril de 2010

Rio e Niterói vítimas do descaso!

"O morro não tem vez e o que ele fez já foi demais. Mas olhem bem vocês quando derem vez ao morro toda a cidade vai cantar"


Chora Rio de Janeiro, chora Niterói. Até quando vão largar seus filhos ao deus dará. Chora a mãe que ficou sem os filhos, os filhos que ficaram sem os pais. Chora o mar, chora o mar. O tempo vai passar e todos vão esquecer e tudo vai continuar. Tudo vai continuar até sempre. Até mais que sempre.Pra sempre assim, tão miseravelmente abandonados.

Por cláudia helena villela de andrade