PERENE
claudia helena villela de andrade
Perene é a água dos olhos.
Gotículas perpétuas de sal.
Filete de água que enruga a testa,
goteja, evapora e volta.
Em cada gesto a delicadeza do afeto
que embaça o sonho,
que chora, inesperadamente
nas dobras dos punhos,
na pupila da alma que a realidade degola
ofegante de medo.
Preto e branco. Desafinado. Torto.
Eternizado no sonho.
Viajante silencioso que bate a porta atrás de si
sem olhar para trás.
Com cem olhos para frente.
Se fosse cego, perene seria o eco.