A foice e o biscoito
cláudia helena villela de andrade
As nuvens dos meus olhos estão negras. Vai chover a qualquer momento e, dentro do pingo, sou a própria chuva. Talvez, após esse biscoito que mastigo sem fome — e que de olhos fechados faz barulho de trovoada —, eu alimente, de imediato, essa paisagem bucólica e quadrada que se repete. Todos os dias, tudo igual... só muda a cor do céu.
Ali no canto, cansada, a foice me observa. De garganta seca, soluça... lágrimas de fio certo, lâmina brilhante, pronta pra trabalhar. E eu nem acabei de engolir o biscoito...
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